16 de junho de 2010

Um tempo sem ilusões


Um tempo sem ilusões. Um tempo suspenso num tempo adormecido. Uma brisa gelada como uma bofetada feroz. Um acordar convertido num regresso necessário. Bem-vinda à dor de errar! Peço à dor que de uma vez por todas se aclimatize. Um corpo repleto de feridas abertas, que assim permanecerão. De luto me visto num corpo despido. Tenho em mim todos os sonhos por alcançar, mas mesmo assim sonho a doce amargura da ilusão recheado de mentira. Recordações mortas, mas por enterrar. Um crime seguido de um castigo perpétuo. Assim sou eu e assim continuarei a ser. Alimento-me de um sarcasmo grandíloquo. Rio-me de mim própria. E assim respiro. Acendo mais um cigarro e intoxico-me embalada no que não será. Acorrentada a um momento imaginário é como me sinto. Deliro com esta demência e rio-me de mim própria mais uma vez. Não me esconderei por não ser certa. Assim sou e assim continuarei a ser. Eu sou o meu mundo para o bem, para o mal e para o que não me diz nada. O sol ainda faz sentido e o seu calor ainda me aquece as entranhas. Só peço que não me queime mais.

Texto: Catarina Santos
Foto: Desconheço a origem da mesma

1 comentário:

RapazinhoBombista *-* disse...

Adorei o design *

Venero os textos :)