11 de outubro de 2009

Demências e dormências


Sem mentira. Bebo as palavras sem me fartar. Inebrio-me na tentação de ter um mundo para além do meu mundo. O meu corpo não se move, estando dormente, só a minha mente vagueia e divaga e voa. Oiço doces melodias na minha cabeça, passando para sons rasgados e estridentes com espasmos. Uma canção dentro de uma canção. Um orgasmo cerebral e meramente musical. A vida é uma merda. E enquanto não chega o dia cá estamos nós. Uns mais contentes e felizes, porém ingénuos e ignorantes com o pouco que possuem. Meros rebanhos em que não possuem autonomia para pensarem por si próprios. Esta junção consegue ser completamente absurda mas não tão absurda quando comparada a bocas ávidas que mastigam, cospem, engolem e por vezes até vomitam. Diarreias verbais, típicas demências e dormências com restos de insanidades. Procuram sabor para a nossa carne crua. Limitam-se a engolir o vomitado de alguém e mesmo assim sorriem. Triste, até mesmo patético. Outros, não tão contentes e não tão felizes têm a noção do fardo que possuem. É o preço que têm de ter por não terem os olhos vendados e a boca amordaçada. A razão e o conhecimento têm tais características. A fome e a sede são imensas. Algo se perdeu. Parece que estão todos ocupados para reparar. A canção dentro da canção não faz sentido para todos. Ainda me revejo em pequenos detalhes e pormenores. Ousa Ser. Sê capaz de Ser. Não toques o mesmo instrumento só porque tens medo de uma nova melodia. Não reproves os desejos que não conheces. Ousa Ser.


Texto: Catarina Santos

Foto: Desconheço a origem da mesma

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