16 de dezembro de 2010

Os efeitos secundários de uma manhã gelada

Não consegui dormir nada a noite inteira. Era de manhã cedinho e senti uma ânsia tremenda em sair à rua e respirar o ar matutino. Mal saí à rua, senti o ar gélido daquele que tem a capacidade de congelar os ossos até ao tutano. Uma verdadeira delícia. Fui-me sentar numa esplanada deserta na minha bela Coimbra. O Sol estava a ficar mais forte. O doce contraste do frio gélido com o Sol a projectar-se no meu corpo faz-me sentir viva. Pedi uma meia de leite, fumei um cigarro e pus-me a ler um livro ao mesmo tempo que ouvia Yann Tiersen. Achei uma piada tremenda ao facto de as pessoas que passavam olharem para mim com um olhar como se me estivessem a chamar de louca. Por dentro só me ria dessas pessoas. Sim eu sei que estava um frio horrível, sim eu sei que o frio se entranhava no corpo. Mas são esses pequenos momentos que me fazem sentir viva. Quando é que foi a última vez que fizeram algo parecido? O facto de me julgarem é somente insultuoso para vocês mesmas. Passei um momento comigo própria e abstraí-me de tudo e todos com uma mera paisagem, com música e com um livro. Esse momento ninguém me tirará e acreditem que me marcou profundamente. Indago-me como é possível as pessoas acharem tão necessário os constantes exames que a Humanidade nos impinge. Será assim tão fundamental para a maior parte das pessoas estudar, ter um emprego estável, ter casa própria, casar e ter uma data de crianças? Eu não aprecio nada disso. Eu não quero nada disto para mim. Quero viver e respirar e sentir-me viva. Porque é que não podemos viver e somente depois de morrermos pagarmos todas as dívidas? Se eu não me preocupo com o depois de morrer, que é algo completamente misterioso, porque é que me tenho de preocupar agora? Quando o agora deve ser aproveitado com todas as forças e com toda a garra. Daria tudo para viajar e conhecer tudo ao mais ínfimo pormenor. Gostava tanto de ser uma caminhadora errante em que como lema seria conhecer o Mundo. O maior Museu que existe é sem dúvida alguma o Mundo. Ele é que é detentor de todo o conhecimento deixado pelos nossos antepassados. Já estou a divagar por demais. Uma conversa de café consegue ser mais produtiva e útil para a vida do que estar fechada numa sala, onde o sufoco é o único elemento presente. É assim que penso e não me importo nada de gritar isto às pessoas para ver se acordam do transe em que se encontram. Ousem caramba! O momento é agora, não depois. As pessoas estão corroídas de esterco. É tão triste.



Imagem: Lykke li

2 comentários:

Ella エラ disse...

Bem, palavras para quê?

Não podia identificar-me mais!

Disseste tudo <3

Elisa disse...

eu costumo andar à chuva...sem guarda-chuva :) e isso faz-me feliz