31 de agosto de 2010

Renascer


Hoje revivi intensamente memórias passadas. Posso dizer que é incrível como parecem tão cravadas na minha carne. O esquecimento já as deveria ter varrido, mas não. Permanecem e enfraquecem. E é assim que renasço. A reviver o que já fui e não quero mais ser. Parece um ciclo vicioso, mas por esta altura do ano sinto algo familiar que dilacera. Uma nostalgia que me faz sentir triste mas confortada. Passo noites sem dormir, o quarto torna-se frio, as lágrimas tornam-se companhia e só oiço a minha respiração. Choro enquanto durmo e acordo com a almofada com vestígios de tal acompanhado do sabor de sangue na minha boca. O ressentimento voa alto e as ambições tornam-se distantes. São as manhãs que custam mais a passar. De cabeça erguida mudo de postura e uma metamorfose dá de mim. Porque é no conflito interior que fico a conhecer daquilo que sou feita. E é isso que me faz dar passos em direcção à próxima estrada desconhecida.

Texto: Catarina Santos
Foto: Catarina Santos

1 comentário:

Genzo disse...

Não sei porque choro a ler isto.