Escombros. Sinto-me imensamente rodeada de escombros. Memórias malditas convertidas em ruínas amontoadas. O cheiro... esse está entranhado em cada uma. O pó paira no ar. Sufoca-me! Cega-me! Sinto a terra cravada na minha pele. Camadas e camadas de sujidade. Sinto-me imunda, imunda de mim mesma. Tento a todo o custo lavar-me, mas a lama está seca. Esfrego a minha pele com violência, cravo as minhas unhas e arranho com força, mas só obtenho sangue misturado com lama. A frustração instala-se em mim, assim como a impotência. As cicatrizes não conseguem respirar perante tamanha densidade. O grito não se propaga, pois a voz já não tem som. Doente insatisfação. A raiva e o ódio perduram...
Texto: Catarina Santos
Foto: Mehmeturgut
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